A Casa da Minha Avó

04 outubro, 2015Flávia Frota

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Inspirado no poema Evocação do Recife – Manuel Bandeira.

A Casa da Minha Avó

Poema

Como tudo era mágico
Na casa da minha avó!
Durante a noite,
A música alta do Cheik Clube
Virava canção de ninar.
E o barulho ensurdecedor
Das descargas dos carros dos playboys,
Era pura melodia…
As goteiras da casa da minha avó
Tinham som de tilintar, de poesia.

Tudo lá era diferente!
A novela Marina
Tinha música de abertura
Que mais parecia
A trilha sonora da casa da minha avó.
O Sítio do Picapau Amarelo
Era um lugar encantado, e
Aquele cenário de televisão
Parecia ser a casa da minha avó.

O sol forte do meio dia,
Quando dava lugar a uma nuvem,
Fazia minha cabeça imaginar:
Era a luz que foi embora.
Quando ele ressurgia
Era a luz que voltou.

Quando minha avó estalava um ovo,
Fazia o jantar mais gostoso do mundo.
E a banana frita dela
Era sobremesa sem igual.

Tudo muito simples,
Humilde como ela.
Mulher que nunca vi chorar,
Sentir dor ou reclamar.
E jamais se dizia cansada.

Ah, a roupa no varal!
A água no coradouro,
O filtro inglês seco de torrar.
O cochilo no alpendre,
Os copos no charão [bandeja].
O fastio, a tosse e o vento nas costas,
Era tudo que ela mais temia:
A saúde dos netos amados.

Fórmula de sucesso?
Amor incondicional,
Amor doação de uma vida inteira.
Amor em oposição ao egoísmo,
A preguiça e à acomodação.

Assim ela conseguiu
Perpetuar seu legado
Com lembranças eternas.
Tudo dela e da casa dela,
Era diferente, único,
Eterno e inesquecível.
Os sons, os cheiros,
Os sabores, as imagens,
As lembranças e heranças…

Recordações impregnadas
De presente, de vida,
De quem soube tão bem
Imortalizar sua existência.

E hoje, passados tantos anos,
Eu volto àquele ambiente a hora que quero.
Basta fechar os olhos e imaginar…
Já estou lá!
E se ouço o barulho gostoso de ventilador,
Junto com a imagem do mormaço quente
De depois do almoço,
Aí a passagem se dá com intensidade imediata: Fui!

.

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Manuel Bandeira: Eterno Alumbramento

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