A Emancipação Feminina e a Insatisfação das Mulheres

17 novembro, 2011Flávia Frota

Emancipação Feminina

A Emancipação Feminina e a Insatisfação das Mulheres

E-mail

Recebi um e-mail de uma leitora, médica, questionando a emancipação da mulher, e transcrevo um trecho aqui:

Sabe Deus porque somos tão cobradas e nos cobramos tanto… essa eterna preocupação com a perfeição inatingível e com uma estética inalcançável é cruel com o pseudo sexo frágil…

Quem começou com essa ideia de emancipação feminina não podia ser mulher… Afinal as revolucionárias esqueceram de avisar que além de profissionais que deveriam trabalhar muito, ninguém deixaria de ser mulher, mãe, filha, esposa e dona de casa.

Se faltar café ou fruta em casa de quem é a culpa? Se o filho for mal na escola de quem será a culpa? Nós mulheres somos as primeiras a dizer, em muitos casos: esse menino não tem mãe, não?

E olha que quando dá vontade de arrumar a casa eu espero a vontade passar…

Em suma, não lembraram da nossa quádrupla jornada de trabalho, quase escravo, não consideraram a nossa insalubridade, não pensaram no nosso eterno adicional noturno…

Cobrança

É inegável que as mulheres avançaram muito quanto à independência e a carreira profissional, mas em contrapartida, acumulam mais tarefas e carregam maior cobrança e culpa do que suas avós.

Ganharam o mundo, estudaram, ingressaram no mercado de trabalho e fizeram bonito, é verdade. Mas, ao mesmo tempo em que abraçaram novas responsabilidades conservaram as antigas. O resultado foi sobrecarga e insatisfação.

As mulheres, além de se culparem muito, são extremamente pressionadas pela sociedade. Vivem sendo julgadas e rotuladas.

Exemplos

Se a mulher falta ao trabalho para ficar com o filho doente não é profissional. Se vai trabalhar e deixa o filho, não é boa mãe.

Caso se dedique muito à profissão, está usando o trabalho como escape. Dedicando-se menos ao serviço, é acomodada.

Se é boa dona de casa, é Amélia. Se não liga tanto para a ordem doméstica é relaxada.

Se frequenta academia de ginástica  e salão de beleza é perua, caso contrário, não se cuida.

Se gosta de ficar em casa nas horas de folga – e mulher tem folga? – é antissocial. Se prefere ir a festas e baladas é fútil.

Sempre assim, a mulher não tem para onde correr, e as principais críticas vêm das maiores inimigas, as próprias mulheres.

É como dizia Cecília Meireles em poema Ou Isso ou Aquilo:

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo…
E vivo escolhendo o dia inteiro!
Mas não consegui entender ainda
Qual é melhor: se é isto ou aquilo.

24 horas

Não existe milagre, ninguém pode ser ao mesmo tempo bom em tudo. Se você investe mais em um objetivo, vai ter que se dedicar menos a outro, tudo na vida é assim. O dia tem 24 horas para todo mundo. Cada um estabelece suas prioridades.

Prioridades

O problema é que as prioridades das mulheres são muitas, e para conseguir se dedicar como gostariam, surge o problema da insatisfação.

Maternidade

Principalmente no que diz respeito à maternidade. Sabemos que para o bem da sociedade é imprescindível que as mães disponham de tempo para aos filhos. E ainda por cima tem que ser tempo com qualidade, uma vez que não existe qualidade sem tempo.

É impossível não se falar em filhos quando se trata da mulher como profissional. Sabemos que a vida das solteiras e das sem filhos também não é fácil. Elas sofrem outras cobranças, sutis, veladas e igualmente cruéis. Mas o fato da maternidade exigir muito tempo e dedicação, torna a vida feminina mais desafiadora.

A mulher chega exausta do trabalho, tem que por ordem na casa, cuidar da alimentação e supervisionar as atividades escolares. Ter tempo para dar carinho e atenção aos filhos, cuidar de si e ainda estar relaxada para um romance no fim da noite… haja disposição!

Maridos

E  na hora da conversa descontraída vem sempre aquela pergunta, feita por outra mulher:  – Mas o teu marido te ajuda, né? Sim, auxilia! Isso quando se tem marido, e o sujeito colabora. Ninguém pergunta ao homem: – Tua mulher te ajuda com a casa e com as crianças? Não. Porque no fundo todos acreditam que isso é obrigação feminina.

Para o homem ser bom, basta exercer a função de coadjuvante. Até o papel de provedor já se tornou opcional, a prova são as inúmeras famílias chefiadas apenas pela mãe.

Mulher-Maravilha

A mulher para ter valor tem que ser onipotente, onipresente, e ainda: excelente profissional, bonita, jovem, magra, inteligente, bem informada, boa mãe, boa esposa, boa filha, boa dona de casa, simpática, enfim, a própria mulher maravilha!

Algumas – poucas – mulheres conseguem conciliar bem as várias jornadas. E não podemos esquecer daquelas de baixa renda, que não dispõem dos aparatos que as mais abastadas possuem.

Maratona

Vivemos correndo como se estivéssemos numa constante maratona. Buscamos o que afinal? Conquistamos liberdade, até uma certa igualdade de direitos, somos donas do nosso nariz, mas derrapamos no íntimo de nossas emoções. Vivemos insatisfeitas, angustiadas, com sentimento de nunca conseguirmos concluir nossas tarefas, de sempre estar  faltando algo mais.

Paz

Parece que junto com os sutiãs, as feministas também queimaram a paz das mulheres. Não há como retroceder, mas é preciso encontrar uma solução. Acredito que está faltando paz de espírito, e para reconquistá-la precisamos romper com esse modelo de sobrecarga. Parar, refletir e escolher um rumo a tomar…

Semana de Arte Moderna

Lembrando a Semana de Arte Moderna, fica aqui a frase de Aníbal Machado:

Não sabemos definir o que queremos, mas sabemos discernir o que não queremos.

Transformar

Haveremos de encontrar uma maneira mais harmônica e feliz de lidar com aos diversos papéis femininos.

Pensemos em como transformar esse sonho em realidade!

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