Minhas Queridas

05 março, 2012Flávia Frota

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“A coisa melhor da vida é ter irmãs. Não há ninguém que as substitua”.

Clarice Lispector

O tempo que Clarice Lispector passou no exterior, longe das irmãs, foi uma fase difícil. Este momento de saudades profundas ficou registrado através das cartas que ela escrevia para Elisa e Tania. A afeição e cumplicidade ganharam vida através da palavra escrita, muitas coisas que talvez nunca fossem ditas, ali eram confessadas com ternura e encantamento. Clarice elucidou bem o que se passava quando escrevia para as irmãs, na frase: “É que quando estamos juntas não escrevemos cartas e parece que é escrevendo que se podem dizer certas coisas”.

É verdade, muitas vezes é mais fácil transmitir uma mensagem escrevendo do que conversando. Nesse caso a distância proporcionou uma maneira de comunicação diferente. Essas cartas estão no livro Minhas Queridas, e são verdadeiras declarações de amor.

Quando vi o livro pela primeira vez, imediatamente pensei em ler e emprestar para minhas irmãs, Márcia e Maysa. Li e fiquei encantada com o conteúdo cheio de intimidade e carinho. Foi impossível não comparar a nossa sorte de sermos três, com a das irmãs Lispector. Em seguida foi a vez delas, as verdadeiras musas inspiradoras da minha aquisição, se deliciarem com a leitura… e também adoram!

Eu entre as Minhas Queridas Maysa e Márcia

Quem tem irmãs conhece a magia que envolve esse sentimento fraternal. A convivência diária, numa fase da vida em que a personalidade se forma e os laços de afeto se fortalecem, gera uma sintonia que se eterniza para o resto da vida.

A leitura das cartas de Clarice é de um deleite surpreendente e nos leva a perceber como essa ligação entre irmãs é determinante. Nascemos e crescemos com elas sempre por perto, aprendemos e erramos servindo de testemunhas umas para as outras. Dividimos o mesmo espaço físico em casa, no carro, na escola, nas viagens e em quase todo lugar. Compartilhamos brinquedos, roupas, sapatos, amigos, passeios e uma infinidade de coisas. Brigamos pelas causas mais diversas, reagimos de maneiras inesperadas e nos amamos tanto, que só teremos discernimento disso mais lá na frente, quando a maturidade chegar

Então, vocês afortunadas como eu, que têm duas irmãs e vocês sortudas que têm pelo menos uma, podem presentear-se com este livro que será uma fonte de engrandecimento de uma das formas mais puras e verdadeiras de amor.

Aquelas que não foram contempladas com uma irmãzinha em casa, com certeza se encarregaram de eleger uma – ou várias – amiga-irmã, aquela amiga e companheira que dizem preencher tão bem esse papel.

Minha experiência enquanto criança dispensava andar grudada nas amigas, as irmãs me bastavam, preenchiam perfeitamente minhas carências afetivas na hora das brincadeiras, das festinhas, das paqueras e também do famoso “quebra-pau”. Mas depois que a gente cresce e passa a morar em casas separadas, as amigas-irmãs assumem um papel extremamente importante, aquele de amiga-irmã-alma-gêmea.

Então agora, vamos todas ler Minhas Queridas e abraçar nossas irmãs de sangue e nossas amigas-irmãs de coração! O importante é ter uma relação de cara metade, sendo ela entre irmãs ou simplesmente entre grandes amigas, isso é tudo, isso basta!