É hora de empreender

03 setembro, 2020Flávia Frota

“É hora de empreender

O momento é oportuno para abrir um negócio próprio”.

Paulo Veras – fundador da 99 / Revista Veja – 2/9/2020

Semelhança

Lembrei do meu pai, Cláudio da Frota Véras, ao ler a entrevista com Paulo Veras. E não foi só pela semelhança no sobrenome, mas principalmente pela vocação empreendedora que ambos têm em comum.

Sr. Frota – como ele gosta de ser chamado – iniciou nos negócios na década de 50. Hoje, aos 83 anos, permanece atuante no mercado e com a cabeça funcionando a mil, sempre buscando novas oportunidades de crescimento.

Uma história

Resolvi pedir para ele contar um pouco da sua história a fim de incentivar quem está se aventurando no empreendedorismo.

Exemplo

Vamos tomar o seu exemplo como estímulo. Considerando que ele começou do zero, sem capital para investir, e levando em conta o panorama de pandemia e crise econômica.

Simplicidade

Oriundo da pobreza, ele destaca que apesar de ter alcançado uma situação financeira satisfatória, nunca abandonou suas origens, nem quis bancar o rico. Ganhou algum dinheiro, mas não mudou seus hábitos nem sua essência. Permaneceu na simplicidade.

Pobreza

“O meu grande impulso foi a pobreza. Daí eu tirei forças para ir além, me desenvolver. Não deixei nada nem ninguém me segurar. Eu queria ser grande.”

Frota é um entusiasta de um mundo onde as pessoas tenham a oportunidade de progredir através do trabalho. Cavando, fuçando, farejando possibilidades e fazendo as coisas acontecerem. Foi assim que esse visionário agiu.

Ele enfatiza a importância de políticas públicas para fazer valer os direitos do cidadão, com dignidade e oportunidades iguais. “O mundo não pode ser feito só para os ricos, o pobre é gente e ninguém é melhor que o outro”.

Autodidata

“Eu não tive pai, tive pouco colégio e vivia na pobreza. Queria transformar a minha situação.

Para mudar de vida, escolhi o trabalho como aliado. Sempre gostei de trabalhar, ninguém nunca precisou mandar, eu não ia forçado, ia por prazer.

Decidi aprender com as pessoas. Ninguém me ensinou nada, eu aprendi sozinho. Era observador e atento, procurava absorver o melhor de cada um que cruzava o meu caminho.

O povo pensa que economia se aprende com o Delfim Neto, com os grandes teóricos. Eu aprendi na juventude, com um amigo, o Jorge Santoro. Ele tinha ótima situação financeira, porém era muito econômico, não gastava com besteira, só comprava o necessário.

Com ele aprendi a guardar o que ganhava. E seguindo essa regra os negócios foram se desenvolvendo, devagar, mas sempre prosperando.”

Planejar

“As pessoas me perguntam como planejei meu negócio. No meu tempo não tinha muito isso de planejar. Até porque eu tive pouca educação formal e não dispunha de capital para investimento.

Meu planejamento não era de rabisco, nada no papel. Eu planejava antes de dormir, era o momento da reflexão. Ali eu projetava as ideias para executar no dia seguinte. Tudo somente na cabeça.

Antes do sono chegar, eu me dava o luxo de sonhar, mas era um sonhar pé no chão, para no próximo dia colocar tudo em prática. Sempre fui determinado, positivo e responsável nos negócios.”

Executar

“O segredo foi acordar cedo, dia após dia e trabalhar, trabalhar, trabalhar…

Durante o dia eu não pensava, concretizava os planos da noite anterior.”

O que eu tenho a dizer é que as pessoas fazem muitos estudos, planejamento, investem demais em teoria e técnica, mas esquecem o principal.

A chave da prosperidade está na prática e na dedicação do dia a dia. Eu cuidava dos meus negócios como quem dá mamadeira para uma criança, com todo o zelo do mundo.”

Dicas

“Os meus contemporâneos que deram certo nos negócios, fizeram também o que eu fiz:

-Trabalho incansável

Com dedicação e disposição para vencer.

– Otimismo

Acreditar que é possível evoluir.

– Entusiasmo

Eu sempre trabalhei com paixão.

– Economizar

Investir o lucro no próprio negócio.”

O universo conspira a seu favor

“Em 1957, aos 20 anos de idade, ingressei como vendedor nas Casas Pernambucanas. O meu salário era para manter a mim e à minha mãe, quase não dava para poupar, mas eu sempre guardava um dinheirinho.

Entre os clientes da loja, conheci muita gente do interior do Amazonas, vendedores de peles e produtos regionais oriundos do extrativismo da região amazônica. Ainda não havia consciência de preservação ambiental.

Passei a comprar produtos deles para revender. No começo, trabalhava com dinheiro de terceiros. Logo em seguida usei o lucro para dar sequência às novas transações e passei a negociar sozinho, não mais precisando de investidores.

As Lojas Pernambucanas eram uma fonte, os grandes fornecedores e clientes estavam ali. Eu não tinha consciência disso, aconteceu naturalmente.

Mas essa fonte só jorrou porque eu consegui observar as pessoas e as oportunidades que estavam ao meu redor. É algo como uma força inconsciente que nos move. Isso existe, isso funciona. É como diz o ditado, “o universo conspira a seu favor”. Pode acreditar.

Esse é um exemplo de que é necessário ação, fazer alguma coisa. Eu poderia ter ficado acomodado à segurança do emprego, mas queria algo mais. Por isso segui em frente, mesmo sem saber onde o caminho ia dar.”

Carreira solo

“À medida que fui me capitalizando, as vendas foram aumentando e decidi deixar o emprego para me dedicar integralmente aos negócios.

Estava dado o salto que iria mudar a minha vida. A partir dali eu não parei mais. Segui comprando, vendendo, trocando e ganhando. Fazendo aquela roda, botando o capital para girar, isso é o famoso capital de giro. Com o passar do tempo fui investindo em diferentes segmentos.”

Empreender

Foco

“Para quem pretende empreender, digo que é importante acreditar nos seus objetivos. Eu sempre segui a minha intuição, era essa a única referência que tinha.”

Prática

“Nunca fui de arriscar muito nos negócios. Ia aprendendo devagarinho, e ganhando confiança aos poucos. Toda vez que se inicia um novo negócio, você paga para aprender. É necessário ousadia, mas também cautela. É a quantidade que gera a qualidade.”

Segurança

“Aprendi a ‘não colocar todos os ovos na mesma cesta’, por isso, depois que me estabilizei profissionalmente, sempre procurei ter dois ou três negócios. Se um não estivesse dando certo, eu poderia contar com outro.”

Mudança

“Também é necessário estar atento à hora de mudar de segmento antes de chegar à falência. A sociedade é dinâmica e o mercado acompanha as tendências. Agora mesmo, neste momento de pandemia, muitos modelos de negócio sucumbem, enquanto surgem novas e infinitas possibilidades.”

Inteligência

“Um diferencial é saber usar a inteligência a seu favor. Estar ligado, antenado e dar ouvidos às ideias que brotam na sua mente. Um desses pensamentos ousados pode mudar para sempre a sua vida. Esteja atento e disposto a executá-lo.”

Deixa a vida me levar

“Sonhar aonde se quer chegar. Tipo ‘deixa a vida me levar’, mas sendo o protagonista dela, fazendo acontecer, e para isso só tem uma receita: trabalho árduo e apaixonado. Eu trabalhei com obstinação, persistência e comprometimento, isso por uma vida inteira.

A gente erra, perde, fracassa. Enfrenta as derrotas se mantendo firme para continuar e superar cada desafio. Tudo isso faz parte do jogo.”

Aprendizado

“Os acertos trazem resultado financeiro e os erros geram excelente aprendizado.”

Vaidade

“Uma armadilha para os investidores é a vaidade, ela leva o investidor a usar o capital da empresa em gastos pessoais, exagerados e supérfluos, comprometendo a estabilidade financeira do negócio.

É preciso domar a vaidade, ela é um perigo, empurra qualquer um para o buraco. O dinheiro não aceita desaforo, ele se muda.”

Ganhar

“Ao passo que se você tratar bem o seu capital, ele vai ficando ao seu lado, vai aumentando. Quando a gente aprende a ganhar, aprende a não gastar.

O patrimônio vai aumentando, você vai colhendo a semeadura do trabalho. A gente pega gosto, se empolga e quer trabalhar mais e mais… É assim que acontece para dar certo. Esse é o maior incentivo para prosseguir e superar os obstáculos.”

Humildade

“Eu sempre acreditei no meu potencial, sem arrogância e sem me achar melhor que os outros. Enquanto a vaidade conduz ao fundo do poço, a humildade amplia horizontes. Uma das melhores portas que a humildade me abriu foi a de aprender com as pessoas ao meu redor.

Eu focava em um comerciante de sucesso e pensava, quero ser como ele, vou ser como ele, e trabalhava para fazer acontecer. Ao invés de falar mal das pessoas eu preferi aprender com elas.

Ao seguir a intuição com coragem, otimismo e trabalho, você vai ganhando confiança. E a cada negócio, à medida que os acertos aumentam, sua autoconfiança também se eleva.”

Conselheiro

“Eu ia viajar de férias com a família e inventava uns negócios para fazer no caminho. E assim já pagava as despesas do passeio. Eu sempre criava uma ocasião para ganhar dinheiro e um jeito de poupar.

Terminou que fiz do trabalho um passatempo, um lazer, um divertimento.

Hoje atuo mais como uma espécie de conselheiro. Mantenho o entusiasmo e a vontade de fazer novos negócios acontecerem. É essa paixão que me move!”

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Carona do sucesso Veras: ‘O contexto obriga a sociedade a mudar’.

[…]

Em meio à pandemia, é o momento para falar sobre empreender? Posso dizer que nunca houve momento melhor do que o atual. Com a crise deflagrada pelo novo coronavírus, todas as empresas tiveram de se digitalizar e o campo se tornou um terreno fértil para empreendedores. Além disso, há muito capital disponível, pois diversos fundos de venture capital captaram muito bem no ano passado. Com as demissões em razão da pandemia, pessoas talentosas estão disponíveis no mercado. Empreender, na essência, é provocar mudanças. Se há um momento que o contexto obriga a sociedade a mudar, o empreendedor deve tirar proveito dele.”

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