Conversa de Mestres – Esperança

28 abril, 2012Flávia Frota

Bienal do Livro Amazonas – Tacacá Literário – 27/04
 
com Thiago de Mello e Márcio Souza
Thiago de Melo
Abriu o primeiro Tacacá Literário dizendo ter grandes ESPERANÇAS com a Bienal do Livro Amazonas, “de que essa Bienal eleve um pouquinho o número de leitores de Manaus”.  Citou uma antiga frase de Márcio Souza em um artigo: “Um país que não é educado está condenado”.

Deixou um recado de Milton Hatoum, “ele manda dizer que a grande esperança que eu tenho é dele também”. Afirmou que a leitura é o fator fundamental para a vida de uma pessoa em qualquer instante e disse emocionado; “As minhas esperanças são grandes, eu faço um apelo que cada um de nós conquiste um leitor”. Usou o exemplo de plante uma árvore “eu diria, ganhe um leitor, sobretudo se for criança ou adolescente”.

Lembrou que já há muitos livros, precisamos é de novos leitores, exercitar a leitura. Falou de sua professora, dona Aurélia, que criou uma classe nova e diferente, a Classe de Ler – de ler livro. E lembrou que depois de adulto a professora o encontrou e disse:  – Fui eu que ensinei aquele menino a gostar de ler a amar os livros.

Afirmou que cultura não é só arte, é como o povo vive, come e sofre. “A arte, a começar da ópera, é apenas uma bela manifestação da cultura de um povo. Noção infeliz de que cultura é só arte, a cultura é toda a vida de um povo, o peixe que se pega, o sofrimento…”

Deixou um recado de Milton Hatoum, “ele manda dizer que a grande esperança que eu tenho é dele também”.

“Vou terminar deixando com vocês a minha ESPERANÇA” e referiu-se a uma criança na plateia, “essa menina aqui vai longe, nós estamos trabalhando por ti e pelas crianças que ainda vão nascer”.

Thiago de Mello
Márcio Souza
A
gradou o público com seu bom humor e estilo irônico. Disse que “a leitura é muito mais do que a soma do que você pode ganhar ou receber com aquele texto”. O verdadeiro leitor é aquele que consegue ter a leitura do mundo, a linguagem proposta pela civilização. A leitura é uma opção de liberdade.

Falou sobre a carência de bibliotecas em Manaus, uma cidade de 2 milhões de habitantes deveria ter no mínimo 2 duas mil bibliotecas funcionando, explicou que a importância do funcionamento de bibliotecas é tão importante quanto a dos postos de saúde.

Esclareceu que biblioteca é muito mais que uma estante de livros destinada ao lazer ou ao ócio de quem tem tempo , é tudo isso sim, e também deleite para mergulhar e escapar do mundo. Mas é principalmente fonte de INFORMAÇÃO. Usou como exemplo uma pessoa desempregada, que pode buscar conhecimento necessário e a partir de dados colhidos  impulsionar seu futuro profissional.

A leitura é uma opção de liberdade, tem que ser democrática, mas a verdade cristalina é que sem escola não há leitura. Disse que vai muito à escolas e que lhe surpreende a arquitetura delas. O refeitório é sempre o espaço maior e mais valorizado, em compensação “as bibliotecas ficam na menor salinha, com a pior professora, para receber meninos insubordinados que vão para lá de castigo”. Falou também de uma realidade onde nem os professores são leitores, muitos deles não gostam de ler.

“Para mim a leitura é vital, se não tem livro eu leio bula de remédio e anúncios” exemplificou.

Concluiu dizendo que não acredita que arte possa mudar a sociedade, “o que muda a sociedade é o cidadão, o livro pode influenciar, pode ser um fator de transformação. Mas o que verdadeiramente muda a sociedade é o povo e sua vontade de mudanças”.

Fotos: Ricardo Oliveira e Arthur Castro/Fagga